CMRA: onde cuidar dos idosos é mais do que reabilitar
01 - 10 - 2025

Considerado um equipamento de referência nacional e internacional ao nível da fisioterapia e reabilitação, o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA) é também um espaço onde as histórias de vida têm finais felizes e onde quem tem mais idade é ajudado a superar os obstáculos de saúde e a acreditar que os consegue superar.
Assinala-se esta quarta-feira, dia 1 de outubro, o Dia Internacional do Idoso, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para sensibilizar a sociedade para os desafios do envelhecimento e para a necessidade de reforçar a proteção, os cuidados e o respeito por quem chega a esta etapa da vida.
Se envelhecer traz consigo sabedoria e experiência, também coloca à prova a saúde e a autonomia. Entre os principais riscos, as quedas surgem como uma das causas mais frequentes de lesões graves, muitas vezes com impacto duradouro na qualidade de vida das pessoas mais velhas.
É precisamente nestes momentos que estruturas de referência como o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA), que integra o Centro Hospitalar da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, assumem um papel fundamental.
Reconhecido a nível nacional e internacional, o CMRA é muito mais do que um espaço de fisioterapia e reabilitação. É também um lugar onde se escrevem histórias de resiliência e superação.
Uma dessas histórias é a de Arlindo Rua, de 84 anos. O “trambolhão sem sentido”, como lhe chama, trouxe-o até ao CMRA, depois de já ser um visitante do espaço por outra razão: a saúde da sua mulher, que é acompanhada pelo centro há alguns meses.
“Antes vinha cá para ver a minha esposa. Agora, já somos os dois a estar aqui, embora em contextos diferentes, eu por uma queda que não lembra a ninguém, ela por questões mais graves”, conta Arlindo, enquanto caminha devagar até à sala de Terapia Ocupacional, onde a companheira está em atividades.
Hoje, a rotina de Arlindo faz-se de uma forma diferente. Depois de uma vida ativa e independente, tem agora de gerir o tempo entre os seus próprios tratamentos e o acompanhamento da companheira de longa data. “Isto não tem graça nenhuma, mas o que me vale é que estamos juntos. Às vezes digo-lhe, em tom de brincadeira, que fazemos como dissemos nos nossos votos: juntos no amor e na doença”, diz sorridente.
Entre os corredores do CMRA cruzam-se diariamente centenas de pessoas vindas de todo o país. Algumas procuram recuperar de acidentes ou de doenças súbitas, outras acompanham familiares em tratamento. Em comum, todas partilham a esperança de que os dias difíceis possam dar lugar a novos capítulos de vida.
O exemplo de Arlindo sublinha a importância de respostas especializadas e multidisciplinares para enfrentar os desafios do envelhecimento. No CMRA, médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e outros profissionais trabalham em conjunto para devolver qualidade de vida e confiança a cada pessoa que ali chega.
Arlindo, que já começa a movimentar-se com mais segurança, reforça o impacto que o trabalho de todos os colaboradores do CMRA teve no seu processo: “Esta queda foi tramada. Primeiro, senti que já não mandava no meu corpo, e depois tive medo. Mas aqui ensinaram-me que não estou sozinho, que este percalço pode acontecer a qualquer um. Ensinaram-me exercícios, deram-me confiança. Isso vale mais do que alguns medicamentos que possa tomar”, explica, durante uma consulta com Cristina Sousa, médica do CMRA.
As quedas, como a de Arlindo, estão entre as principais causas de internamento e perda de autonomia das pessoas idosas. Contudo, e ao contrário do que se possa pensar, a reabilitação não se resume a tratar a lesão, mas sim a criar condições para que o utente volte a confiar no corpo e recupere o máximo de independência possível e Arlindo reconhece isso melhor do que ninguém.
“Não é só levantar-me outra vez. É voltar a acreditar que consigo andar bem novamente, que posso confiar no meu corpo. Isso é o que realmente importa agora. A idade traz-nos fragilidades, mas também nos ensina que não vale a pena desistir. E aqui, em Alcoitão, sinto que me ajudam a provar isso todos os dias.”
No CMRA, cada etapa é transformada num recomeço, para que envelhecer não seja sinónimo de perda, mas sim de adaptação e superação. Tal como a história do Arlindo.